domingo, 26 de março de 2017

Resenha do livro Corações Feridos (Sem Spoilers)

Quando vi esse livro na livraria, pensei que seria uma história sobre duas irmãs com uma vida normal, a não ser pela deformidade de uma delas. Eu estava enganado. 
Esse livro é forte, tocante e real. Ele traz temas que são ainda muito complicados para sociedade, como a violência domestica, e nos apresenta isso sem muita enrolação e sem maquiagem. 

"Hoje eles tentaram me fazer ir ao funeral de minha irmã...Ela sempre foi maior. Nasceu primeiro,  mais forte, mais bonita, a gêmea popular. Eu vivi à sombra dela por 16 anos e gostei do frio e da escuridão; era um lugar seguro para esconder-me...Era o primeiro dia do ano-novo, e minha irmã estava  morta havia uma semana."
Com isso começamos o livro sabemos que teremos um mistério a frente.
Os capítulos são divididos em Rebecca (depois da morte da irmã) e Hephzi (antes de sua morte), neles vemos como cada uma enxergava a vida e seus problemas que eram muitos. Na história vemos a primeira vez das irmãs em uma escola. Isso com 16 anos.
Ambas enxergam isso como sua saída da vida pesada e sofrida que levam em casa.  Hephzi quer encontrar o amor e a liberdade. Rebecca anseia pela liberdade. Os pais desaprovam a ida das meninas para uma escola, pois estão fora do olhar de seu pai.

Rebecca sofre por sua deficiência e não aceitação de seus pais que não hesitam em a ridicularizar e abusar de sua frágil condição. Vemos como ela tenta levar uma vida normal, mesmo com seus medos.

Hephzi sofre por ser a “menina perfeita”. Sempre trabalhando e ao mesmo tempo mantendo uma pose de garota exemplar.  Vemos como foram seus últimos dias de vida e suas atitudes. 

Em meus primeiros capítulos já levantava hipóteses da morte de Hephzi. Mas a narrativa nos apresenta elementos que vão montando a história e nos apresentando fatos grotescos e reais, que te deixam instigado.
O primeiro tema que temos é a exploração infantil e a rigidez na qual as meninas foram criadas, com proibições que uma criança normalmente não tem, elas tinham.
A família é formada em um ambiente protestante, fervoroso e rígido. Regras são postas e devem ser cumpridas os castigos são severos. O pai das meninas é o pastor de sua comunidade a casa da família é junto a igreja.  Mas critica não está na religião e sim nas atitudes que podem ocorrer em tantas outras casas, seja na família de um ateu, de judeu, um católico enfim basta um individuo com estas atitudes para termos essa história materializada.
A história aborda temas atuais, violência domestica, bullying, religião e liberdade. Todos esses temas se encaixam e são apresentados de forma bem trabalhada. 

Nos deparamos com adolescente que nunca sentiram a vida fora dos padrões e regras, em especial Rebecca, que por sua deficiência é humilhada e massacrada pelos próprios pais. Que falam abertamente a ela e sem nenhum puder que eles a consideram “um lembrete do pecado”.


Quando se é descoberto o grande mistério temos uma luta feroz pela vida. Rebecca nos surpreende em cada capitulo, desde o primeiro nos mostra sua força. O final é impactante, chocante e emocionante.

Esse é um daqueles livros fortes e reais que te mostram como o ser humano pode ser podre e cruel. Ao decorrer da história me senti como a Rebecca e ao final ainda me sinto como ela. O sentimento de incapacidade, vendo tudo o que as meninas sofrem sem poder fazer nada é forte.  Não vou superar esse livro tão cedo, já considero um dos meus favoritos.

A narrativa é envolvente, os personagens são bem trabalhados e os temas apresentados na história são reais e atuais. 

Classificação: 

2 comentários:

  1. Impossível ler uma história como essa e não se deixar envolver! A resenha ficou perfeita, a m e i. <3

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 renata massa